terça-feira, 14 de outubro de 2008

Silêncio...

Ouvir aquilo que não se ouve, ouvir as aconchegantes palavras que dita o meu silêncio...Páro, olho, oiço o silêncio do Mundo interior, o mundo que encontro vazio e do avesso... E para mim guardo as lágrimas que escorrem sem ninguém as ver, para mim guardo este sentimento terrível da certeza do que é incerto... Respiro o ar que suporta a minha dor, o ar que se torna pesado de tanto estar vazio...Não sigo voz nenhuma, não sigo passos nenhuns, estou cansada e aqui me mantenho de joelhos, aconchegada no meu silêncio... Não sinto, não sinto coisa nenhuma, estou indiferente para tudo, para tudo estou fria! Preciso de tempo... Tempo para esquecer, tempo para que na loucura das minhas lágrimas eu reconheça o meu reflexo... Chorar?! Já não preciso, já não quero... Sorrir?! Simplesmente não consigo... Bebo o meu próprio sangue, assisto sem reagir ao meu triste suicídio... A mágoa de consumir o Inferno, de fazer dele o meu mundo, de suspirar a dor que me consome em todos os momentos sem a querer mostrar... Ai... Que minha alma não se vai achar, triste da minha tristeza que ouve o silêncio! Falo com o medo na escuridão do meu corpo..."Tu medo, predominas em mim, por favor deixa-me... Não leves aquilo que ainda me resta, não leves o meu Nada!" o medo ri-se e diz-me: "Não sou eu que te atormento, eu sou o que tu sentes, não a razão de o sentires... Temos medo do desconhecido, e tu sabes... Mas tu que odeias o desconhecido, estás constantemente a procurá-lo... o desconhecido e a solidão são as razões do teu medo... Agora faz-me tu compreender, porquê?"Coloco a mão na parede para segurar as minhas únicas forças, vejo uma lágrima, respiro a dor e digo: "Quem me dera saber. Mas como digo, já nada sinto... Procuro aquilo que julgo simplesmente não encontrar em mim... É curioso a minha forma de amar, é curioso a minha auto-destruição... Sinto-te como só te senti uma vez! É cruel, é horrível ver o meu mundo mergulhado no silêncio e pintado a carvão... Apetece-me rir, rir até não poder mais pela minha triste figura, apetece-me chorar por tudo o que sinto ou não sinto, apetece-me gritar "ODEIO-ME". É duro ter alguém que "luta" pelo que sou, luta para me encontrar e me relembra que isto é uma mudança, uma transformação (em algo melhor talvez) e eu simplesmente não oiço..." e o medo "chocado" com aquilo que ouve, pergunta-me..."Quem és tu? Que temes tu? Temes a solidão? Temes o silêncio? Temes o amor? Temes a morte?" e eu mais uma vez respirando, na busca de forças digo: "Eu?! Eu sou o livro acabado, incapaz de fechar, eu sou o corpo sem alma que nada sente, sou mero material... Sou o olhar distante, que simplesmente não vê, sou o toque que não toca e o gesto não realizado... Sou a palavra não dita, sou o silêncio de todo o mundo... Sou o sangue derramado da infelicidade! Eu?! Eu temo a vida"...