quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Baunilha e chocolate...


Chego a casa, cansada, depois de um dia chuvoso que se torna triste a cada gota que cai com indiferença na minha pele clara... Chego a casa consumida pelo perfume que o teu abraço deixou na minha roupa, deito-me na esperança de adormecer, cair num sono que me transporte para o meu outro mundo... Aquele mundo que podes imaginar, mas não o vês... Mas essa esperança morre quando a distância entre o meu pensamento e a tua imagem diminui...
E ali deitada, numa tentativa inútil de aquecer o corpo e gelar a mente, a única coisa que me resta, aquilo que sinto mas não consigo descrever...
Abraço-me a mim mesma na esperança que tu sintas o meu abraço, cheiro o que ainda resta do tal perfume inspiro-o e sinto uma estranha calma com uma estranha pontada de tristeza, penso no teu toque que me faz sussurrar algo, o teu olhar cruzando o meu que brilha quando te conhece... Penso no teu sorriso, e no beijo doce que sela o nosso sentimento...
Depois de tudo, e apesar de tudo, acabas sempre por não sentir nada e muito menos estás presente...
Mas é como tudo, nós podemos picar-nos numa rosa mas ainda assim continuar a observá-la se assim o quisermos!
Um súbito ataque de saudade invade o meu ser... Saudade?! De quê?! Talvez de algo que já foi belo, algo que tinha um ligeiro sabor a chocolate e um aroma de baunilha...
Tenho medo, e agora coloco numa garrafa vazia o eterno sabor a chocolate e o aroma de baunilha, atiro-o ao mar...
Chego a casa, cansada, onde as lágrimas se misturam as gotas de chuva... Baunilha e chocolate!

domingo, 23 de novembro de 2008

Duas semanas...


Duas semanas... Duas semanas e aqui estou eu de novo... Encontro-me aqui bem no meu Mundo, olhando pela janela com a caneta e o papel em busca de palavras com uma simples luzinha cor-de-rosa... O tempo passa e a vida não corre, o vento lá fora que leva os meus pensamentos e os faz voar bem de mansinho até chegarem junto de alguém...
Toco com a minha mão gelada na minha cara bem quente, limpo as lágrimas e penso que secalhar não vale a pena... Sinto que a vida acaba nas minhas mãos por gentis palavras que não são pronunciadas, aquelas palavras que deveria dizer, mas terminam sempre no meu olhar...
Duas semanas, e agora começo a perceber...
Se ao menos pudesses saber o que se passa neste mundinho iluminado a cor-de-rosa e pintado a transparente...
Sabes, gostava de desvendar o teu sorriso, sentir que o que sinto é uma invenção e que o meu olhar de brilho esverdeado não vai "tocar" o chão de novo... Mas não, tu não sabes... Não sabes porque eu não te digo... Não sabes porque nem eu sei... Muito menos sei se tu queres realmente saber... Mas sinceramente já não quero saber daquilo que eu sei e que tu não sabes...
E no meio disto, do meu pequeno Mundo, do meu sentir, da minha janela, da caneta, do papel, das lágrimas que já não escorrem, por entre a chuva, o medo, o pequeno sorriso de indiferença, a dúvida... no meio de tudo isto e mais alguma coisa, aqui estou sozinha com este sentir que coloca o meu corpo em chamas e as mãos no gelo... Apesar disto e da minha solidão que não é solidão, oiço a tua voz e sinto... Apenas respiro, fecho os olhos numa tentativa de esconder as lágrimas, volto a abrir... Duas semanas

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Silêncio...

Ouvir aquilo que não se ouve, ouvir as aconchegantes palavras que dita o meu silêncio...Páro, olho, oiço o silêncio do Mundo interior, o mundo que encontro vazio e do avesso... E para mim guardo as lágrimas que escorrem sem ninguém as ver, para mim guardo este sentimento terrível da certeza do que é incerto... Respiro o ar que suporta a minha dor, o ar que se torna pesado de tanto estar vazio...Não sigo voz nenhuma, não sigo passos nenhuns, estou cansada e aqui me mantenho de joelhos, aconchegada no meu silêncio... Não sinto, não sinto coisa nenhuma, estou indiferente para tudo, para tudo estou fria! Preciso de tempo... Tempo para esquecer, tempo para que na loucura das minhas lágrimas eu reconheça o meu reflexo... Chorar?! Já não preciso, já não quero... Sorrir?! Simplesmente não consigo... Bebo o meu próprio sangue, assisto sem reagir ao meu triste suicídio... A mágoa de consumir o Inferno, de fazer dele o meu mundo, de suspirar a dor que me consome em todos os momentos sem a querer mostrar... Ai... Que minha alma não se vai achar, triste da minha tristeza que ouve o silêncio! Falo com o medo na escuridão do meu corpo..."Tu medo, predominas em mim, por favor deixa-me... Não leves aquilo que ainda me resta, não leves o meu Nada!" o medo ri-se e diz-me: "Não sou eu que te atormento, eu sou o que tu sentes, não a razão de o sentires... Temos medo do desconhecido, e tu sabes... Mas tu que odeias o desconhecido, estás constantemente a procurá-lo... o desconhecido e a solidão são as razões do teu medo... Agora faz-me tu compreender, porquê?"Coloco a mão na parede para segurar as minhas únicas forças, vejo uma lágrima, respiro a dor e digo: "Quem me dera saber. Mas como digo, já nada sinto... Procuro aquilo que julgo simplesmente não encontrar em mim... É curioso a minha forma de amar, é curioso a minha auto-destruição... Sinto-te como só te senti uma vez! É cruel, é horrível ver o meu mundo mergulhado no silêncio e pintado a carvão... Apetece-me rir, rir até não poder mais pela minha triste figura, apetece-me chorar por tudo o que sinto ou não sinto, apetece-me gritar "ODEIO-ME". É duro ter alguém que "luta" pelo que sou, luta para me encontrar e me relembra que isto é uma mudança, uma transformação (em algo melhor talvez) e eu simplesmente não oiço..." e o medo "chocado" com aquilo que ouve, pergunta-me..."Quem és tu? Que temes tu? Temes a solidão? Temes o silêncio? Temes o amor? Temes a morte?" e eu mais uma vez respirando, na busca de forças digo: "Eu?! Eu sou o livro acabado, incapaz de fechar, eu sou o corpo sem alma que nada sente, sou mero material... Sou o olhar distante, que simplesmente não vê, sou o toque que não toca e o gesto não realizado... Sou a palavra não dita, sou o silêncio de todo o mundo... Sou o sangue derramado da infelicidade! Eu?! Eu temo a vida"...